quinta-feira, 2 de julho de 2009

Ultimato

Muitas vezes pecamos em acreditar que tem que vir do outro a nossa oportunidade de melhora, de crescimento. Acreditamos sempre que fizemos a nossa parte e que se tudo está errado não temos culpa. Até mesmo o Sol brilha por pura obrigação! E as tempestades, essas são culpa dos outros.

Acordamos e pedimos bênçãos para um dia melhor, mas esquecemos, sumariamente, de agradecer pelo pão de ontem. Pedimos novas oportunidades de trabalho, mas esquecemos de recordar os erros anteriores para usufruir de forma consciente daquilo que está por vir.

Sem percebermos, nos tornamos rudes, frios, duros e nada pragmáticos. Exaltamos, ainda que inconscientemente, os erros e aflições dos outros. Estiramos o dedo sobre a ferida alheia sem oferecer um antídoto contra o mal. Mas sempre que a pedra nos dói no pé pedimos colo. Assim é a vida. O cotidiano. O dia-a-dia.

Nossa visão turva nos impede de enxergar as oportunidades que estão à nossa frente. A cada esquina nos deparamos com cidadãos vendendo balas, catando recicláveis, se expressando artisticamente em troca do pão. São “desavergonhados” que sabem o valor do arregaçar de mangas. São cidadãos à espera apenas do dia de amanhã.

Indiferentes a causa, continuamos batendo às portas das empresas, mandando e-mails, escrevendo blogs, acessando o twitter participando das inúmeras dinâmicas em grupo. Acordando cedo para enfrentar mais uma fila na porta do Serviço Nacional de Empregos. E o pior, depois de ter feito a mesma coisa durante os últimos tantos meses.

As pesquisas oficiais apontam queda no desemprego e aumento do número de carteiras assinadas no Brasil. E mesmo que não conheçamos ninguém que tenha conseguido arranjar emprego em suas áreas de formação nos últimos anos damos crédito à elas e esperamos a nossa oportunidade. Não está na hora de mudar?

Todos os dias vemos manchetes versando sobre demissão nas grandes redações do país. São colegas que contribuíram anos e anos para o crescimento de jornais, revistas, rádios e TVs e que agora vão engrossar o coro dos descontentes. Centenas de profissionais que vão acordar e esperar. Mover-se, vez em quando, em direção à fila do SINE mais próximo sem qualquer perspectiva de melhora.

Vamos parar de esperar e agir. Somos comunicadores. Precisamos mostrar ao mundoque podemos mudá-lo sim, começando do nosso próprio umbigo. Vamos meter as mãos na massa. Criar nossos veículos de expressão. As oportunidades estão diante de nós, só precisamos enxergá-las.

Se não podemos escrever para os leitores do nosso Estado, então vamos colocar nossos rabiscos nos jornais de bairro. Se não podemos falar nas ondas das grandes AMs e FMs, então recorramos às rádios comunitárias. Se nossa imagem passa credibilidade, estão aí as WebTvs e os canais fechados. Agora, se precisamos de multidões, que tal utilizar o twitter para que nos sigam através dos nossos blogs? Ah, podemos ainda refletir a imagem dos outros através da nossa assessoria.

Precisamos nos mexer. Acabaram de rasgar nosso DIPLOMA, mas não conseguiram nos tirar o conhecimento. Esse é só nosso e podemos ainda comercializá-lo. Não há mais exigência do curso superior para exercício do jornalismo, mas é preciso estar preparado. Essa é mais uma oportunidade: vamos preparar os novos “jornalistas”. Vamos dar aulas, que tal?

O importante é parar de esperar que tracem o nosso caminho. Vamos pôr o pé na estrada. Lutar pela nossa vida, gente! Se for preciso, vamos pra rua catar papelão, Pets, alumínio, ferro... Dançar, cantar, recitar poesias nas praças. Vender pamonha, refrigerante e pipoca nos sinais. Ou então, deixar a preguiça e o comodismo de lado e fazer jornalismo de verdade e independente! A escolha é nossa!

* Robson Fraga - Jornalista http://robsonfraga.uniblog.com.br

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