sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Assessoria de Imprensa - Governo


Os Estados Unidos talvez seja o país que mais investe em assessoria de imprensa governamental. Há um verdadeiro aparato técnico-profissional para informar o que faz o governo: quais suas idéias, projetos e ações, bem como para reafirmar seu poder e corrigir erros e distorções na comunicação externa. Veja como funciona esta importante engrenagem.

"Distribuíamos textos sobre tudo", diz a ex-secretária de imprensa da Casa Branca Dee Dee Myers. Durante o primeiro mandato do presidente Bill Clinton, continua ela, a assessoria de imprensa da Casa Branca distribuía aos repórteres não apenas textos de discursos, resoluções e coletivas de imprensa como também press releases, informativos, informações de referência sobre políticas, notas à imprensa sobre novos eventos, resumos de discursos e documentos políticos, análises dos pontos mais importantes de um documento e assim por diante.

"Repórteres são pessoas ocupadas, principalmente aqueles que cobrem chefes de Estado e outros líderes de governo", explica ela. "O volume de material que eles têm de cobrir é impressionante." Fornecer material impresso ajuda bastante. Resumir e distribuir material na forma impressa ou on-line significa não precisar depender da compreensão correta de um discurso ou uma declaração. Também proporciona ao porta-voz uma outra oportunidade de reafirmar os pontos principais, diz Myers.

Nos Estados Unidos, sempre que possível, as assessorias de imprensa redigem e distribuem à imprensa, em papel ou pela internet, declarações, políticas, ações e planos. Isso tem várias utilidades:

  • Ajuda as autoridades do governo e os assessores de imprensa a definir claramente o que querem dizer e a refinar sua mensagem.
  • Aumenta as probabilidades de que a mídia entenda as informações corretamente, reduzindo as más interpretações.
  • É algo que os repórteres podem consultar quando estiverem redigindo suas matérias.
  • Evita ter de responder às mesmas perguntas várias vezes porque as informações básicas são fornecidas.
  • Estimula a elaboração de perguntas mais pertinentes, baseadas em fatos, por parte da mídia.
  • Aumenta as chances de que a matéria saia com a ênfase desejada.

Fornecer resumos e análises com uma declaração ou um discurso também possibilita à assessoria de imprensa reafirmar sua interpretação das notícias.

Nos Estados Unidos, as comunicações escritas assumem muitas formas. Além disso, as assessorias de imprensa têm diversas ferramentas - visuais e orais - para se comunicar com o público por meio da imprensa. Algumas das ferramentas de comunicação mais comuns são:

ilustração

Press release, que é redigido como um artigo de jornal e às vezes utilizado como texto de artigos jornalísticos por algumas publicações. Press release é a narrativa de uma notícia em uma ou duas páginas. Deve informar quem, o quê, onde, quando, por quê e como no primeiro parágrafo, como em uma reportagem jornalística. O press release deve seguir o estilo de uma pirâmide invertida, citando as informações por ordem de importância de modo que os editores possam identificar facilmente os fatos principais. A informação-chave corresponde ao topo da pirâmide e as notícias menos importantes, à base.

Nota à imprensa, que é semelhante a um press release, mas preparada para anunciar um evento futuro, de modo que a mídia possa avaliá-lo rapidamente e decidir se deve relatá-lo ou não. A nota à imprensa também deve incluir quem, quando, onde, por quê e como. Deve ocupar apenas uma página.

Informativo ou histórico, que é um press release expandido com informações detalhadas sobre um assunto. Utiliza fatos e estatísticas, mas geralmente não faz citações e é distribuído junto com o press release. Estendendo-se por quatro ou cinco páginas, o informativo ou histórico deve ser fácil de ler e utilizar marcadores ou negritos para cada fato novo.

Ilustrações como fotos, gráficos, quadros e mapas que acompanham os press releases.

Biografia, que é fornecida com o press release. A biografia resume o histórico profissional e as realizações de uma pessoa que está sendo indicada para um novo cargo, apresentando um discurso ou participando de um evento.

Uma lista de especialistas para reforçar sua mensagem. A lista deve incluir nomes e números de telefone.

Outros textos, que podem incluir todos os tipos de material. Na Casa Branca, por exemplo, as transcrições de comentários do presidente e de informes diários do secretário de imprensa e de outros assessores são fornecidas à mídia logo após a realização dos eventos. Resoluções, declarações, anúncios de indicações e nomeações de funcionários, cartas de especialistas ou de associações profissionais em apoio à legislação proposta e outros tipos de correspondência de e para o presidente também são distribuídos diariamente à imprensa.

Clippings, que mostram essencialmente as "boas" reportagens que foram publicadas. Os assessores geralmente tiram cópias de artigos jornalísticos favoráveis a eles e as colocam em kits para a imprensa junto com outros materiais.

Perguntas, que às vezes os assessores fornecem aos repórteres para aguçar seu interesse em um tópico. Também é possível redigir algumas perguntas para os entrevistadores fazerem a um assessor. Perguntas imaginativas despertam a curiosidade.

Kits Press, que contêm vários itens sobre um determinado tópico. Os itens são inseridos em uma pasta que tem dois bolsos internos para guardá-los. No caso da inauguração de uma nova escola, por exemplo, o kit para a imprensa pode incluir:

  • Uma pasta com o logotipo da escola na capa e duas abas internas para guardar material impresso.
  • Uma nota à imprensa com detalhes sobre a hora e o local da inauguração, bem como sobre sua importância.
  • Um press release com detalhes específicos da inauguração, informações gerais e citações de autoridades importantes sobre a escola.
  • Um histórico para a mídia com estatísticas e fatos detalhados, como dados específicos sobre a construção, número de alunos que freqüentarão a escola, etc.
  • Biografia dos oradores do evento.
  • Ilustrações, como fotografias da escola.

Sugestão de pauta, que resume a idéia de uma matéria em um parágrafo e explica por que os leitores - ou expectadores - se interessarão por ela. A sugestão de pauta ou o telefonema fornece detalhes, cita nomes, descreve oportunidades fotográficas e resume o conceito da matéria.

Press releases em vídeo e áudio, que informam quem, o quê, quando, onde, por quê e como, assim como o press release impresso, mas são apresentados como uma reportagem de rádio ou televisão. As emissoras podem usar todo o material ou parte dele em uma matéria jornalística para rádio ou televisão e identificar o material como proveniente de uma fonte de relações públicas. O press release em vídeo deve ser apresentado em trilhas de áudio separadas, com o narrador em uma trilha e os trechos de falas e sons naturais em outra para facilitar a edição do som.

Tecnologia por satélite, que permite reunir-se com a personagem da notícia ou entrevistá-la e transmitir as imagens ou a notícia para as estações de televisão de todo o país. Essa tecnologia proporciona um tour de imprensa sem gastos com viagens nem perda de tempo. Em geral, os especialistas em informação pública gravam um evento e então compram tempo do satélite para transmiti-lo. Para isso, é necessário um estúdio que possa transmitir imagens e sons ao vivo e possa dar aos repórteres da televisão a oportunidade de fazer perguntas por telefone enquanto se grava a autoridade dando as respostas. As estações precisam ser notificadas de quando a transmissão por satélite estará disponível e como acessá-la.

Sonora, que é a gravação em áudio de uma autoridade do governo fazendo uma pequena declaração, como se estivesse em uma entrevista real. Alguns políticos norte-americanos gravam declarações diariamente em horários regulares e as transmitem diretamente aos repórteres ou fornecem a eles o número de uma secretária eletrônica que contém a declaração. Para isso, é necessário um gravador de boa qualidade conectado a um telefone. O material também pode ser colocado na web para transferência por download.

Linha Privada, que pode ser utilizada para gravar a agenda diária de uma autoridade governamental para referência.

Coletivas de imprensa, nas quais os assessores anunciam notícias sobre determinado assunto. Para serem eficazes e dignas de crédito, as notícias devem ser oportunas e genuínas.

Entrevistas, que dão aos assessores uma chance de falar com um repórter, em geral diretamente, e expor suas idéias de uma maneira mais profunda do que em uma coletiva de imprensa.

Conselhos editoriais, que são reuniões entre a personagem da notícia e o editor da página de editorial de um jornal, editorialistas, articulistas e repórteres de seções de notícias para discutir um tópico. As principais redes de televisão e TV a cabo também fazem reuniões similares. O conselho editorial pode dar a uma autoridade governamental a oportunidade de explicar mais claramente suas idéias, o que pode levar a mídia a compreender melhor as políticas do governo e quase sempre resulta em reportagens jornalísticas e editoriais.

Reuniões off the record, nas quais os assessores se reúnem com os repórteres para fornecer informações básicas ou contexto para tópicos de interesse jornalístico.

Artigos e colunas que as personagens das notícias utilizam para expressar suas opiniões. Alguns políticos redigem uma coluna semanal para expressar suas opiniões diretamente para o público.

Discursos, que são utilizados para promover políticas, revelar novos programas, explicar posições e obter consenso. Cópias de discursos são fornecidas à imprensa antecipadamente e enviadas a jornalistas interessados que não podem comparecer a um evento da mídia. Colocar discursos na internet também ajuda. Se possível, ao distribuir um discurso, comece com um resumo do material para dar aos repórteres uma sinopse do tema principal. Guarde sempre uma lista das pessoas para quem o material foi enviado.

Tours de imprensa, que vão além da capital e alcançam a mídia regional. Os tours de imprensa devem fornecer à imprensa local notícias relacionadas com a sua região e explicar como os cidadãos serão afetados pelas políticas do governo.

Features, que contam uma notícia de uma forma mais leve. Os especialistas em informação pública não se baseiam apenas nas seções de notícias importantes da imprensa quando redigem seus artigos, mas usam os features e outras seções também.

Internet, que é um meio de se comunicar diretamente com o público sem o filtro da mídia. A rede também proporciona rápida comunicação com os repórteres. Além disso, a internet possibilita o vai-e-vem de mensagens entre as autoridades governamentais e o público. As assessorias de imprensa podem estabelecer seus próprios boletins eletrônicos locais. A internet tem de tudo: texto, imagens, vídeo e som. As assessorias de imprensa do governo também utilizam a rede para encaminhar os usuários a um grande número de documentos originais on-line. Para ser eficaz, o site precisa ser atualizado com freqüência.

E-mails que incluam endereços eletrônicos de grupos de modo que, com um simples comando do teclado, as informações são facilmente transmitidas para diversas pessoas interessadas.

Fotográfias ou photo ops, que permitem a um assessor tirar uma foto com outros cidadãos, como os ganhadores de um prêmio, para enviar ao jornal da cidade natal dessas pessoas para publicação. Ao tirar uma fotografia e enviar pelo correio, não se esqueça de identificar as pessoas na foto e o evento.

O material disponível para a imprensa pode ser de interesse somente para alguns repórteres. Na sala de imprensa da Casa Branca, por exemplo, os jornalistas normalmente lêem e depois devolvem o press release porque não vêem relação com o que estão cobrindo. Mas é importante que ele esteja disponível para os que desejam e precisam dele.

Como Lidar com a Mídia?

O que fazer

  • Diga a verdade - SEMPRE.
  • Seja honesto e preciso. Sua credibilidade e reputação dependem disso.
  • Reconheça quando não souber a resposta a uma pergunta. Se ofereça para obter a resposta e faça isso o mais rápido que puder.
  • Corrija erros imediatamente. Afirme que não deu uma resposta adequada e que gostaria de esclarecer a confusão.
  • Evite o uso de jargões. Fale em linguagem clara.
  • Suponha que tudo o que fala é on the record.
  • Seja o mais aberto possível com a mídia.
  • Ligue para os jornalistas caso uma matéria incorreta seja publicada. Aponte e comprove o erro educadamente.
  • Mantenha uma lista de realizações. Atualize-a com freqüência. As coisas acontecem com tanta rapidez que você pode esquecer o que você, a autoridade e seu ministério ou o governo realizaram.
  • Sempre retorne as ligações, ou peça que um assistente o faça, a tempo de os jornalistas cumprirem seus prazos.
  • Tente obter as informações que os jornalistas querem, mesmo que isso signifique um esforço extra, como ficar até tarde no trabalho ou entregar o material em mãos.
  • Tenha senso de humor.

"A frustração é quase sempre intrínseca à função", diz o ex-porta-voz da vice-presidência David Beckwith. "A menos que você tenha senso de humor, trata-se, na verdade, de uma atividade cruel."

O que não fazer

  • Não minta - JAMAIS.
  • Não diga "sem comentários" - JAMAIS.
  • Não improvise, não especule e não conjecture. Bons repórteres verificam os fatos. Se você estiver errado, sua credibilidade será destruída.
  • Não tente tornar "off the record" uma informação depois de já prestada.
  • Não deixe de colaborar.
  • Não crie notícias sem ter em mãos as informações necessárias. Não faça um anúncio e depois prepare o press release e os informativos. Se você tiver o material preparado antes de uma coletiva, poderá usar o tempo depois do anúncio para explicá-lo à imprensa.

Corrigindo Erros

Se suas declarações forem distorcidas em uma matéria ou se uma informação errada for dada, tome providências imediatamente. Converse com o jornalista. Não faça ameaças. Tenha fatos para fornecer e considere que tudo que disser para corrigir o erro será on the record. Se não conseguir nada com o jornalista, vá até o editor.

Você pode pedir retratação ou correção de um erro e muitas autoridades fazem isso. Mas outros acham que trazer a questão à tona somente mantém a informação errada no noticiário. Com a internet, no entanto, notícias incorretas podem ser acessadas continuamente. Por essa razão, solicitar uma correção é quase sempre o caminho a seguir. Na verdade, a atitude a ser tomada depende do erro e de sua gravidade. Mas, no mínimo, você deve contactar o jornalista e corrigir a informação errada ou a citação incorreta.

  • Não minta.
  • Não dissimule. Se você mentir ou encobrir um fato, você perde sua credibilidade.
  • Não evite telefonemas de jornalistas.
  • Reconheça o problema
  • Explique como está sendo corrigido.

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